Artistas

Gori

1911

Renzo Gori, pintor e músico.

Filho de renomado pintor e restaurador, nasceu em família de artista no berço das artes que é Florença. Exímio violinista, passou a estudar saxofone e clarineta a fim de acompanhar a frenética onda de jazz e swing que assolava o mundo na época, tornando-se um hábil instrumentista.

No afã das aventurescas fantasias dos jovens, aos 22 anos embarca para a África do Norte, em busca de um futuro. Sem recursos, logo descobriu que a aventura era pura fantasia mesmo e que, para sobreviver, teria que trabalhar. Com amigos italianos formou um conjunto musical para tocar em casamentos, noites e festas de Trípoli, cidade que aceitava bem a música italiana. Dai foi para Tunis, formando nova orquestra. Daí para Malta, de novo para Tunis e desta para o Marrocos francês.

Nas horas de folga desenhava, ao invés de pintar. Data dessa época seu encontro com Dario Mecatti, também músico e competente violinista, que havia ido para para a África em 1933.

Com tantas identificações, na arte e na música, ficaram muito amigos, tornando-se seu inseparável discípulo. Gori apaixona-se pela pintura, produzindo dia e noite com esmero nos traços, desdobramento rápido de policromia, nuances e manejo seguro dos pincéis. Para os dois amigos, os temas marroquinos ficaram perenemente gravados em suas retinas, pela exuberância das cores das roupas árabes, em contraste com o fundo das casas sempre brancas, os kasbahs, ruelas escuras, arcos e gente, sempre gente povoando suas telas. Do Marrocos foi a Paris.

E a fecundidade das cores marroquinas se perdem no “gris” do outono parisiense, manifestado até hoje em seus trabalhos.

Aí retrata o velho Montmartre, Le Sacre-Coeur, Notre Dame e arredores da cidade. Ele próprio se prefere como pintor dos ambientes plúmbeos, enevoados, em brumas, de céus tôrvos e frios.

Suas atmosferas cinzentas tem a monotonia crepuscular de um Jules Breton. Paris é pintada em véu de neblina. Não se filia a nenhuma escola. Sua expressão é própria e definida. Irriquieto, juntaas economias e vai para os Açores, onde realiza várias exposições com êxito. Embarcando como marinheiro vem para o Brasil, aportando no Rio de Janeiro.

Para efeito de registro histórico, afirmou-nos Gori pessoalmente ter chegado ao Brasil, tanto ele quanto Mecatti, sem terem trazido uma única pintura em suas bagagens, o que atesta ser imaginária a produção da fase árabe, tanto de um quanto de outro.

Sempre expondo, vai do Rio à Belo Horizonte e daí a inúmeras cidades brasileiras, até instalar-se definitivamente em São Paulo, em 1942. Sua intenção inicial ao vir, era colher novos elementos, cores, composições e notas, para a Exposição Internacional de Roma de 1941, que não se realizou face à II Grande Guerra.

Como todo pintor europeu que toma o primeiro contato com nossa terra, seus olhos estavam transbordados de luz e cores, proporcionadas pelas atmosfera e pela natureza do país. Durante três anos pintou as ruas, o céu, o mar.

Já com mulher e e filho brasileiros, considerando que na época pintura que quase não se vendia, o artista se torna restaurador, abrindo atelier regular, em 1945.

Tido como um dos melhores restauradores de São Paulo, Gori considera esta arte tão emocionante quanto a criação de própria obra, trabalho de paciência, pesquisa e sensibilidade. Por seu atelier passam obras de maior importância, mantendo a tradição de família de restauradores, o primeiro dos quais contemporâneo de Baccio Della Porta.

Exposições realizadas no Marrocos Francês: Galerie D’Art Tetuan (1936); Salão L’Eco em Rabat e Galerie Mauriel em Fez (1937); Galerie D’Art Sumica em Casablanca, Galerie D’Art em Rabat, A Galeria em Fez, Saguão do Conservatório de Música Mekenes (1939).

Prêmios

  • 1943: Salão Paulista de Belas Artes (Medalha de Bronze)

Lousada, Júlio, 1940 – Artes Plásticas: seu mercado: seus leilões/ Júlio Louzada; (prefácios Mino Carta, Pietro Maria Bardi). –São Paulo: J. Louzada, 1984.

Fonte

Obras do artista

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